quinta-feira, 12 de maio de 2016

“Tenho fibromialgia e não tenho vergonha disso!”


“Tenho fibromialgia e não tenho vergonha disso!”

Hoje, 12 de maio é o dia mundial da conscientização sobre a fibromialgia. Alguns perguntam sobre a importância desta data. Há a definição de saúde, o corpo físico que não precisa de remédios segundo a medicina ocidental. Mas existem muitas doenças invisíveis, que só se vê quando a pessoa está muito mal; e a fibromialgia é uma delas.

Como é difícil descobrir que aquele conjunto de dores no corpo e mal estar generalizado tem o nome clínico de fibromialgia, síndrome do cansaço crônico, com reconhecimento pelo número CID 79.7 (já até decorei, mas quem quiser conferir: http://www.medicinanet.com.br/cid10/8063/m797_fibromialgia.htm). A medicina ocidental a varejo que trata as pessoas em massa não enxerga essa síndrome.  A medicina oriental conhecida também pela sigla MTC: Medicina Tradicional Chinesa https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_tradicional_chinesa) é atualmente uma das melhores soluções para uma qualidade de vida, visto que a fibromialgia - ainda - não tem cura.

Gostaria muito de escrever esse texto nessa linha dos parágrafos acima. Como uma jornalista, uma professora. Mas não escrevo com a alma vazia. Escrevo sobre a imensa dificuldade de falar abertamente: “Tenho fibromialgia e não tenho vergonha disso!” Cada um tem a sua estória para contar, eis a minha:

Consegui me formar na faculdade e até trabalhar. Sempre soube que não tinha disposição física como as outras pessoas, mas atribuía à falta de exercícios físicos desde sempre. Nem pic-esconde e queimado escapavam ao meu cansaço.  Mas parece que precisamos perder tudo, para aprendermos a cuidarmos de nós mesmos, de fazer o que nos agrada, o que aguentamos fazer, e não o que nos é cobrado.

Chorei dois dias inteiros quando finalmente tive a confirmação da minha suspeita; tinha visto um programa na TV e tinha quase todos os sintomas elencados pelo entrevistado. No terceiro dia sequei minhas lágrimas e disse para mim mesma: “QUE BOM QUE AGORA SEI O QUE TENHO, POIS POSSO TRATAR”.

Mesmo assim, não foi fácil. Sou “veterana”, tive o diagnóstico em 2004, e só a partir de 2007/8 que a medicina ocidental se empenhou mais em ganhar dinheiro com aquelas pessoas portadoras de queixas e reclamações invisíveis aos seus modernos equipamentos de diagnóstico, molecular, eletronuclear, sem ainda saber que o problema era neuroquímico. Resultado: a pior sentença que os condenados recebem: o desterro. Pois não há respostas para a singela pergunta: “QUANDO VOCÊ VAI FICAR BOA”?

Sem essa resposta, muitas pessoas com fibromialgia simplesmente “somem”; ficam invisíveis, tal como sua síndrome: as dores são difusas e rotativas em lugares, horários e dias. Geralmente o pior horário é o da manhã, quando se dorme. Então como passear, ir a casamentos e festas se você está doente? “Doente não tem horário; e ainda que não seja transmissível nem mortal, acho melhor ficar em casa, pois ‘pega mal’ sair se você está de licença médica”. Quem que tem fibromialgia que nunca ouviu isso?

Agora, 12 anos depois, nesse dia 12 de maio é meu dia de sair do meu armário, que de Nárnia nada tem. Pós-graduações inconclusas, promessas não realizadas, planos desfeitos: nada escapa à volúpia da fibromialgia. Isso não dói. O que realmente dói é a imensa incompreensão e falta de consideração das pessoas. Só mente que está doente para faltar ao trabalho, estudo ou qualquer outro compromisso quem tem saúde. Quem tem qualquer outra disfunção física faz TUDO para dar conta do recado, serviço, palavra dada. A honra conta muito.

Felizmente encontrei nesse caminho de reabilitação muscular muitas pessoas. Aprendi muito. Talvez, muitos pensam, a vida seria melhor sem esse conjunto de fatores que nos unem, obviamente. Mas no meu caso, acredito que tenha me tornado uma pessoa melhor, mais tolerante com os outros e aos poucos, comigo mesma. A fibromialgia se impõe em todos os aspectos da vida humana. Cheguei ao ponto de mesmo falar a um ex-namorado, quando o namoro ficou firme, que eu tinha, e se ele não preferiria uma mulher “sem problemas”. Na hora, disse que não. Ao correr dos meses, não entendia de modo algum que não era “frescura” a minha necessidade maior de descanso em relação às outras pessoas.

Nem todos estão prontos para chegar para todos os amigos, vizinhos, colegas de trabalho e de estudo para “assumir” a fibromialgia. Minha estória serve de exemplo. Não acho que vou ter nenhum ganho pessoal com a divulgação da minha condição. Meu objetivo maior é tirar da apatia, tristeza e falta de esperança na vida aqueles (im)pacientes que ainda não conheceram os métodos de alívio da MTC: shiatsu, acupuntura, e principalmente o Tai Chi Chuan, que é oferecido gratuitamente em muitas praças.

Aos meus amigos pessoais que ainda não sabiam, peço desculpas por não ter contado antes. Não quis me fazer de “coitadinha”. Na verdade o período maior de vergonha foi até .... 2013, quando tive a felicidade de conhecer o grupo de tratamento na UERJ. Não pude ficar, mas entrei no ano passado, e seis meses já fizeram uma reviravolta absurda na minha vida e na das amigas que padecem do sofrimento das dores sem fim. Mas com amizades que te aceitam como você é e sem culpa, a vida se torna tão melhor, um novo patamar de existência.

Quanto à minha enorme crítica pessoal à medicina ocidental medicamentosa, há aparelhos que podem tratar os fibromiálgicos, o tratamento conhecido como estimulação magnética transcraniana: http://emtufrj.blogspot.com.br/ - fiz esse blog e geralmente alimento com informações mesmo não sendo da área biomédica. Diminuir a exposição aos aparelhos eletromagnéticos também ajuda, (ou seja, tirar "férias" da "modernidade" sempre que possível: wifi, forno microondas etc)

Fiz o canal no youtube “Bom dia Fibromialgia” e me assustei MUITO com a minha própria cara, mas ERA MAIS IMPORTANTE VENCER MEU EGO DE ME EXPOR PARA LEVAR ALGUM ÂNIMO PARA OS PORTADORES NESSE HORÁRIO TÃO INGRATO. E quem me conhece sabe como prezo a palavra ÂNIMO.

Infelizmente não estou trabalhando. Como na época que estive de licença médica, não pude ser útil à sociedade. Tento dentro dos meus limites me esforçar ao máximo – sim, aquilo que tanto criticam muitas vezes é o meu máximo – estou sempre estudando pois minha antiga médica da ABBR disse que seria melhor para mim ser professora. E digo a todos que padecem da fibromialgia que o melhor emprego é aquele em que você se sente confortável, dentro dos seus dons e habilidades!!!

Que esse texto possa ser útil aos que lerem, portadores, familiares, amigos.

Estou à disposição para todas e quaisquer dúvidas.
Abraços cordiais,
Ana Marta Soares Vasconcellos
Instagram: @anamartavasconcellos

Vídeo: A arte de não ter respostas
https://www.youtube.com/watch?v=aMIDvifgwLc

Canal: https://www.youtube.com/channel/UCOvIeL1tZ28TW_aTdfnEUFg


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